segunda-feira, 13 de julho de 2009

QUEM COMBINA COM QUEM? OU COM O QUE?

Os opostos se atraem. Já ouvi isso milhões de vezes e nunca vi acontecer. Tem muita gente que acha uma verdade absoluta. Duvido. A coisa pode até começar bem, mas lá pelo meio... azeda tudo. Olha o exemplo da Carlinha. A menina é fã de carteirinha do Ozzy Osbourne. Adora todas aquelas bandas dos anos 60, 70. Deep Purple, Led Zeppelin, Pink Floyd e por aí vai. Saiu com o povinho do trabalho pra tomar umas e conheceu um fulano. Na boa, só pelo nome eu não teria ficado com o cara: Athayde (com Y, urgh!). Veja bem, minha amiga. Se você gosta de umas biritas e fica de paixonite por um cara depois da meia-noite quer dizer que o seu coração não é um órgão confiável. Não tá em perfeito estado. Tá batendo descompassado. Ou, deve tá amarelo. (Amor Amarelo é o Amor dos Enjoados. Gente chata pra caramba!) Entonces, no dia seguinte, ela chegou com a cara inchada de canjibrina. A cabeça parecia uma obra do metrô. A dondoca não queria conversar. E como eu já conhecia a peça, era certo que ela tinha aprontado alguma. Papo vai. Papo vem. Setecentas e cinqüenta e cinco xícaras de café depois, ela solta o verbo:

CARLINHA: Conheci um cara ontem. Bem bacana. Não lembro muito bem o nome dele.

MEL: Tava chapada, hein, amiga?

CARLINHA: Pra caramba! Athayde! Isso. Athayde era o nome do cara. Putz, que nome feio.

MEL: Feio é Raimundo. Athayde é um desacato, uma maldição. Como é que ele era?

CARLINHA: Sei lá, Mel. Mal lembro o nome do cara.

O celular da moça toca. Ela atende. É o dito cujo. Começam a conversar. Eu saio de fininho. (...) Uma semana depois, Carlinha aparece em casa, toda produzida. Quer dizer, ela tem um gosto muito suspeito. Na real, por alguns ângulos, ela parecia uma Drag Queen. (Mas não se preocupem. Eu disse isso na cara dela.) O interessante é que a Carlinha era só empolgação. Contou tudo o que fez durante a semana. A cada duas frases, uma era sobre o Tatá – puta merda, de Athayde, o cara evoluiu pra Tatá! O que é isso, um Pokémon? Tudo ia muito bem até eu perguntar: E do que ele gosta? Ela tentou desviar do assunto. Em vão. Cutuquei a fera. E aí, o bicho pegou:

CARLINHA: Por que é tão importante saber do que ele gosta?

MEL: Ué, catso, por que não?

CARLINHA: Detesto essa coisa em você, Mel. Sempre tá querendo achar uma desculpa pra não ficar com um cara.

MEL: Nada disso, Carla. Eu sou prática. Se é uma coisa que não vai ter futuro, melhor que dure uma ou duas noites.

CARLINHA: Já foram cinco noites e eu tô bem feliz. Isso te incomoda?

MEL: Chega de drama, Carla. Não é nada disso. Eu torço por você. Mas também não quero que você apareça aqui, depois, chorando as pitangas.

CARLINHA: Tá bom, eu digo. O Tatá curte um pagodinho. Pronto. Falei.

MEL: Pagodinho?

CARLINHA: É. E daí?

MEL: E daí? E daí que você nunca vai conseguir manter uma relação com alguém que curte um pagodinho. (não sei se o pior pagode é com ou sem diminutivo)

CARLINHA: Você acredita em paixão, amor?

MEL: Porra, Carla, acorda pra cuspir, menina. Você acha que existe amor pra agüentar alguém que curte um pagodinho?

CARLINHA: Você é preconceituosa, Mel. Sempre foi.

MEL: Não tem nada a ver com preconceito, Carla. Pensa comigo. Quais são os CDs que você leva no carro?

CARLINHA: Black Sabbath, Ozzy Ao Vivo, Iron Maiden, Pearl Jam, Frank Sinatra. Por que?

MEL: Você já andou no carro dele?

CARLINHA: O que isso tem a ver, Mel?

MEL: Fala, Carla. Já andou no carro do Tatá – o cara que curte um pagodinho?

CARLINHA: Não. Por que?

MEL: Lembra que um dia você me disse que dá pra reconhecer o caráter de uma pessoa pelos CDs que ela tem no carro? Porque a música que você ouve no carro é a música que mais te agrada? Lembra disso?

CARLINHA: Sei.

MEL: Imagina a cena. Vocês combinam de jantar e o cara vai te buscar em casa. Você entra no carro dele e aí? Tá tocando Eu Me Apaixonei Pela Pessoa Errada, Ninguém Sabe o Quanto Que Eu Tô Sofrendo. Educadamente, você pede pra ele mudar de CD. Ele atende o seu pedido e aí, começa Ela Tá Dançando O Pimpolho Tá De Olho, Cuidado Com a Cabeça Do Pimpolho. Você percebe que o melhor é apelar para a FM. Ele tira o CD e olha só o que tá tocando na Transcontinental? Você Jogou Fora, O Amor Que Eu Te Dei, o Sonho Que Sonhei, Isso Não Se Fazssss (com aquela língua encarcerada do vocalista do Raça Negra).

CARLINHA: Chega, pelo amor de Deus! Não agüento mais essa tortura. Vou vomitar.

MEL: Amiga, imagina você acordando num domingão e o Tatá põe pra tocar – volume no máximo, porta-malas aberto - o mais novo CD do Sorriso Maroto. Só pra se distrair enquanto lava o carro.

CARLINHA: Ah, tenha dó, Mel. Deixa de ser filha da puta.

MEL: Mas...

CARLINHA: Mas o que? O que vem agora?

MEL: Como diria a minha amiga Gala, tudo pode valer a pena se o tal Athayde tiver... aquele microfone de ouro.

CARLINHA: É ruim, hein, amiga. Tá mais pra Salgadinho.

AS DUAS: Hahahahahahahahahahahaha!!!!


Beijinhos. Mel.


3 comentários:

leitoa doida disse...

Microfone de ouro?? Esse quem tem não é o Raul Gil??? hahahahahaha Melhor mudar esses termos moça... Uma coisa tenho que concordar, pagodinho é realmente o ó!

Jander Minesso disse...

Os opostos se distraem. Os dispostos se atraem. Mas que pagode é ruim que só a porra, isso ninguém discorda.

Anônimo disse...

Graaaaaaaaande Tatá!!!!!!!!!!!!!! Faltou a TANA-TANAJURA, JURA, QUE ME AMA. Adoro um pagodinho. Risos.