sábado, 18 de abril de 2009

A APOSTA

Tô na praia. Maresias. Estirada na areia tipo uma lagartixa. Feriadão. Tem gente pra caralho! Quer dizer, mais gente que caralho. Porque tem uns moçoilos de sunga branca que não parecem nem HE, nem SHE. São IT: Individuo Transviado. Tá no caminho. Só à espera da documentação ser despachada. Todas as divinas cadelas estão aqui. A mãe da Bia tem uma casa bem bacana. Estamos em oito mulheres e três amigos. Ops, melhor, amigas. Os três são tão gays que eu acho que ovulam. Amigos da época em que eu modelava. Todos maquiadores e cabeleireiros que trabalham com televisão e publicidade. A fonte obscura de tudo que acontece nos bastidores do mundo artístico. Eles são as melhores amigas de várias famosas. E por tabela, ficam sabendo de histórias escabrosas que até o diabo se envergonha. Uma das minhas preferidas é da aposta que duas apresentadoras fizeram quando estavam numa festa de casamento. Claro que seria indiscreto citar nomes. Por isso, vamos chamá-las de Bisca e Tilanga – dupla caipira da região de Marília. Altas horas da madruga e as duas naquele estado pluct-plact-zum. Porre de grã-fino é com prosecco. Você bebe durante horas e não sente nada. Mas quando bate parece que você tá no balão mágico com o Mike, Toby, Simony e Jairzinho. (Putz, lembrei de quando o meu irmão apareceu em casa com a Playboy da Simony. Minha mãe viu, fez o sinal da cruz e gritou: Meu Deus! É a primeira trombeta do apocalipse!!!) O dj já tinha esgotado as playlists. A pista tava vazia. Poucos convidados. E eis que o cramulhão começa a atentar a Bisca. Ela pede mais uma garrafa de prosecco pro garçom. Dá aquela medida no moço e depois que ele sai, a danada faz a proposta:

BISCA: Gatinho o garçom não?

TILANGA: É, dá pro gasto. Hahahahahaha!!!

BISCA: Sabe o que eu tô pensando?

TILANGA: E você ainda consegue fazer isso depois de tanto prosecco? Hahahaha!!!

BISCA: Faço muita coisa ainda, minha amiga. Acho que você é que não consegue.

TILANGA: Fala logo. O que você pensou?

BISCA: Eu aposto que você não tem coragem de transar com o garçom.

TILANGA: Quando? Onde? Como? (…) Tá de brincadeira, né?

BISCA: Não tô não.

Silêncio na mesa. As duas se olham. Tilanga toma mais um gole de prosecco.

TILANGA: Beleza. Quer apostar?

BISCA: Oooolha, você tá chapada.

TILANGA: Quanto?

BISCA: Esquece. Não devia ter…

TILANGA: Dez mil dólares.

BISCA: Tá louca?

TILANGA: Quem transar com o cara daqui a dez minutos leva dez mil dólares.

BISCA: Agora você endoidou, né?

Tilanga levanta, mata a garrafa de prosecco pelo gargalo e atravessa a pista com os sapatos Chanel em mãos. Bisca dá aquele risinho de canto de boca, mas continua sentada. Quinze minutos mais tarde, a Tilanga volta no salto. Pisando firme. Senta ao lado da Bisca e coloca um saquinho plástico em cima da mesa.

BISCA: O que é isso?

TILANGA: Abre.

Bisca dá uma olhadinha no saco plástico.

BISCA: Creeeedo! Uma cueca. (…) Peraí, como você…

TILANGA: Fiz uma troca. A minha calcinha pela cueca dele. Você me deve dez mil dólares.

Moral da história? Mais vale dez mil dólares na mão que uma calcinha com o garçom. Fui! Miss Gala.

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