quarta-feira, 22 de abril de 2009

PAPO RETO

Nossa, a Bia tava inspirada, hein? Nunca imaginei que ver tevê num feriadão fosse render uma crítica tão voraz. Parabéns, minha amiga. Adorei. Eu passei o dia do barba enforcado na cama. Não tive condições de raciocinar. Acordei já era madrugada. Só a Gala tava em pé, devorando o tal livro em alemão. Perguntei sobre o que era a história e ela me respondeu com apenas uma frase: Memórias de uma prost nazista. Puta mesmo! Que beleza! Por aí dá pra você traçar o perfil da Gala – uma pessoa que adora ler histórias de uma vadia que tinha uma suástica desenhada na calcinha. E o pior: na língua original de Hitler. Louca! Merece uma camisa-de-força. Na segunda-feira, saí com uma galerinha pra tomar uns chopinhos. Fomos num bar chamado Os Alemão. Bem bacana o local, em frente à praia de Maresias. Acho que éramos uns quinze ou vinte. Mais mulheres que homens. Sempre. De acordo com as rodadas de chope e caipirinha, chegavam mais e mais conhecidos. Até que apareceu um quarteto bastante aprazível. Eu só conhecia um dos minos – o Sergio (tivemos um casinho faz três verões). Todos sentados, copos à mão, risadas de sobra e aí começaram as histórias do passado. Fodeu! Sempre me dou mal no quesito eu sei o que você fez no verão passado. Era o meu dia de sorte. O foco dos causos caiu sobre outra menina: Patrícia, a tibúrcia. Eita mulher feia! Pegou fogo e apagaram com tamanco – expressão de um velho amigo de facul. Era um misto de Tiamat (da Caverna do Dragão) com Satangos (do Jaspion). A típica menina que homem gosta de comer em noite de lua cheia pra tirar a urucubaca. Só pra se ter ideia do tamanho da capivara da jagunça, ela já tinha sido dançarina de uma banda de forró chamada Só Se For No Toba. Coitada, foi mandada embora por justa causa. Vai saber os critérios da banda pra demitir alguém com base na CLT. Meeeedo! Fiquei intrigada com um menino do quarteto que não falava nada. Ele sorria. Não comentava. Não gargalhava. Era bonito, o figura. Bem torneado. Moreno. Olhos claros. Perfeito pra uma noite de malhação. Cruzamos olhares. Mas nada do rapaz tomar iniciativa. Como eu não tenho paciência pra essas coisas e tava afim do gajo, fui pro front. Puxava conversa com o Sergio e sempre arrumava um jeito de querer saber a opinião do rapaz. E nada! O Sergio logo percebeu a minha intenção e nos apresentou formalmente. Galante, essa aqui é a minha amiga Diva. E eu, super educada. Prazer, Diva Lee. O carinha (Galante, que nome!) só mexeu a cabeça confirmando. Nada de galanteios. Finalmente, o joelho do rapaz enche e ele sai pra tirar a água. Faço o conhecido sinal E aí pro Sergio. Segue o diálogo (já aviso, o último da noite):

SERGIO: Que foi?

DIVA: Qual é a desse cara?

SERGIO: O Galante?

DIVA: É gay? Tá doente? É teu namorado? (risos)

SERGIO: Ficou afim?

DIVA: Fiquei. Mas acho que não tô mais.

SERGIO: Por que?

DIVA: O cara não falou uma palavra.

SERGIO: Também, Diva, cê tá querendo um milagre, né?

DIVA: Vai se foder, Sergio. É tão difícil assim alguém gostar de mim? Vou mandar esse moleque à merda.

SERGIO: Diva, presta atenção... o Galante é mudo, caralho!

Bom, minha gente, diante da verdade ululante, eu tive que dar meus pulos. Não vou me alongar muito pra não ficar chato. Mas preciso contar os highlights da noite. Antes de mais nada, vamos partir do princípio que o cara não precisou me xavecar. (Entenderam, né?) Fizemos as coisas como se os dois fossem telepatas. Quando eu comecei a fazer muitos sinais (parecia até a Jane tentando convencer o Tarzan que a Chita é macho!), o Galante pegou um guardanapo e escreveu a singela mensagem: Sou mudo. Não surdo. Dei aquele sorriso maroto e bola pra frente. Ainda por telepatia chegamos à casa dele e aí eu percebi que não falar foi uma espécie de troca que ele fez com o Homem lá de cima. Acho que Deus chegou pro Galante e disse: Escuta, meu filho, dos seis sentidos, você só terá direito a quatro. Em contrapartida, você ganhará um upgrade para um dos que você escolher. Galante escolheu a super visão – mas aquela visão de quem olha pra ele. Porque, minha amiga, realmente você fica muda quando o cara tira as calças. Aquilo não é uma genitália. Tá mais pra uma experiência mutante. Lembrou o simpático deus-elefante Ganesh, de quatro braços. Quando ele nasceu, alguém deve ter feito uma profecia: Com este membro você fará muitas baleias felizes. Pode me chamar de Shamu ou Willy que eu vou adorar. E na hora do fatality? Acho que eu gritei numa freqüência tão alta que até um sonar captaria. Enquanto meu parceiro só se expressou com Mmmmmmmmmmmmmm - Hare, Hare Krishna, Hare, Hare. Fan-tás-ti-co! O foda foi quando o cara me deixou em casa. Cometi uma das piores gafes da minha vida. Desci do carro, dei um beijo nele e disse: Não esquece de me ligar. (?!?!?!?!?!?!?!?!?) Diva “Shamu” Lee.          

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